Pesquisa ouviu jovens sobre os impactos da Covid-19 na vida pessoal e profissional
Redação Publicado em 17/03/2021, às 18h00
A pandemia de Covid-19 já se estende há mais de um ano e, segundo uma pesquisa realizada pelo Espro (Ensino Social Profissionalizante), os jovens brasileiros estão cada vez mais estressados, cansados e preocupados com a renda e a saúde de seus familiares.
O levantamento, feito com 13.619 entrevistados de 18 estados do país - mais o Distrito Federal - com faixa etária entre 15 e 24 anos, mediu diferentes aspectos da vida dos participantes em cinco fases do ano passado: do início da pandemia (abril) até os primeiros anúncios sobre a vacinação (novembro). Entre os temas abordados estavam informações e preocupações com a doença, medidas de proteção adotadas, bem-estar, emprego e estudos.
Segundo os pesquisadores, os resultados obtidos mostram de forma nítida que a pandemia tem afetado a saúde mental de adolescentes e jovens no Brasil e, além disso, também existe uma preocupação grande com a saúde dos familiares e o impacto do isolamento social na vida financeira da casa.
Os resultados mostram que os jovens têm se sentido cada vez mais cansados, com sono ruim e com mais queixas de insônia. Em abril, 56,8% dos entrevistados revelaram estar dormindo menos que o normal e esse número saltou para 65,8% em novembro. Já a porcentagem de jovens que relataram maior cansaço do que o habitual foi de 73% para 77,5%.
A ansiedade também foi mais frequente. De acordo com a pesquisa, nove em cada dez adolescentes e jovens (90%) revelaram estar mais ansiosos do que o normal, um número superior ao de abril (87,1%). Também houve crescimento da preocupação geral, de 72% para 75,3%, e no estresse, que saltou de 73,2% para 74,7%.
A saúde dos familiares é algo que aflige igualmente grande parte dos entrevistados, sendo a morte de um parente a temática mais recorrente. Em novembro, 93,1% dos jovens disseram ter preocupação “alta” ou “muito alta” em relação ao tema e, em abril, esse índice era de 90,2%.
Logo em seguida aparece o assunto “doença de parente/amigo”, motivo de apreensão para 92,9% em novembro contra 92,2% na primeira onda de entrevistas.
A pesquisa mostrou que, além das questões descritas acima, a economia do país e a renda famíliar também causam angústia para muitos jovens brasileiros. O desemprego do pai ou da mãe apareceu em terceiro lugar como maior procupação dos entrevistados.
Em novembro, 89,5% apresentaram nível “alto” ou “muito alto” de preocupação sobre o assunto e, em abril, esse número era de 85,3%. O tema “perder o próprio emprego” aparece logo em seguida, com 88,6% dos jovens contra 86,8% no início da pandemia, juntamente com “impactos na economia” (88,4% x 82,9%).
O tema “ficar em casa sem contato com as pessoas”, por sua vez, é a menor preocupação e registrou um aumento de 59,4% para 60,1% em novembro.
Com base nos resultados, quatro em cada dez entrevistados (41,1%) afirmaram que alguém que vive com eles perdeu o emprego ou teve redução de salário em novembro contra 45,2% em abril. E 13,6% dos entrevistados relataram sofrer com uma dessas situações, porcentagem próxima a levantada em abril (13,4%).
Em relação aos estudos, nove em cada dez (90,1%) adolescentes e jovens estudavam à distância em novembro, índice que em abril era de 75,1%.
O levantamento mostrou ainda que mais de um terço dos jovens brasileiros, 36,8%, teve algum familiar que contraiu a Covid-19 e 44,7% disseram conhecer pelo menos uma pessoa que já pegou a doença.
Além disso, os hábitos dos entrevistados também foram sondados: 95,9% usam máscara, 95,4% utilizam álcol em gel, 93,2% lavam as mãos com frequência e 74,5% cumprem o distanciamento social mínimo de um metro.
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