Hoje com 49 anos, a jornalista revelou em um podcast que recebeu o diagnóstico aos 45 anos
Milena Alvarez Publicado em 27/06/2022, às 14h00
A jornalista e apresentadora Renata Capucci compartilhou no podcast “Isso é Fantástico” que foi diagnosticada com Parkinson há quatro anos, aos 45 anos. Na gravação, ela relata como foi receber o diagnóstico: “Aquilo caiu como uma bigorna em cima da minha cabeça".
Após a divulgação da notícia, Renata fez um post em suas redes sociais em que diz que esperou a hora de certa de revelar isso ao mundo, convidando as pessoas a vencerem o preconceito e a desinformação relacionadas a doenças neurodegenerativas, como o Parkinson:
Pensei muito sobre este momento. Sabia que ele iria chegar e que vinha na hora certa, quando eu me sentisse exatamente como eu me sinto hoje: forte, confiante e feliz. Não é fácil. Mas não é o fim”, escreveu na publicação.
A doença de Parkinson é uma doença neurodegenerativa – a segunda mais comum, atrás apenas do Alzheimer – que atinge a área do cérebro responsável pelo controle dos movimentos do corpo, provocando rigidez dos músculos e lentidão dos movimentos.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que 1% da população mundial acima dos 65 anos conviva com a doença. No Brasil são cerca de 200 mil pessoas. Com o aumento da expectativa de vida e com o envelhecimento populacional, acredita-se que essa porcentagem possa alcançar os 3% até 2030.
Em geral, o Parkinson afeta indivíduos mais velhos, a partir dos 60 anos. Mas, assim como Renata, uma parcela de 15% a 20% de todos os portadores começa a apresentar os sintomas antes dessa faixa etária. Nesses casos, a doença é classificada como Parkinson precoce.
No podcast, Renata contou um pouco mais sobre quais foram os primeiros sintomas da doença:
Eu fui diagnosticada com a doença de Parkinson em outubro de 2018, quando tinha 45 anos. Hoje eu tenho 49. Eu estava no meio do programa Popstar, que eu participei. Comecei com os sintomas um pouco antes. Comecei a mancar e as pessoas falavam para mim: ‘por que você está mancando, Renata?’. E eu falava: ‘eu não estou mancando’. Eu não percebia que estava mancando. Aí fui fazer fisioterapia, osteopatia e a coisa não mudou. E aí, em um dado momento, no meio do Popstar, depois do sexto programa, eu estava em casa e meu braço subiu sozinho, enrijecido. E o meu marido, que é médico, me levou para um hospital que tinha emergência neurológica e eu fui diagnosticada com Parkinson”, contou.
Por ser uma doença progressiva, os sintomas iniciais são sutis e aumentam gradualmente. Em geral, eles começam em um lado do corpo ou mesmo em um membro esquerdo ou direito. À medida que o quadro progride, ambos os lados são afetados.
Segundo o National Institutes of Health (NIH) – Institutos Nacionais de Saúde, em português –, o Parkinson tem quatro sintomas principais:
Confira:
Normalmente, família e amigos percebem esse sintoma com mais facilidade ao notarem que a pessoa está mais lenta para realizar algumas atividades, como aquelas que envolvem a coordenação motora. Além disso, Renata também revelou que ficou depressiva após receber o diagnóstico:
Já passei por todas as fases, da depressão, da negação. Hoje, estou na fase cinco que eu olho essa doença de frente e eu falo assim: ‘Senhor Parkinson, eu tenho você, você não me tem’. Eu faço tudo o que eu posso de exercício, de remédio, e tenho uma vida positiva", completou.
Vale lembrar que a depressão pode ser um dos indícios do Parkinson e faz parte dos chamados “sintomas não motores”, que também incluem: apatia, dificuldade de engolir, mastigar e falar, transtornos do humor, distúrbios do sono, constipação, disfunção sexual, problemas urinários e gastrointestinais, entre outros.
Ninguém morre de Parkinson e sim com Parkinson. Em outras palavras, a mortalidade de pessoas diagnosticadas com a doença está relacionada a complicações decorrentes.
Por exemplo, um parkinsoniano tem a função da deglutição comprometida – dificuldade de engolir – , o que acaba aumentando as chances de desenvolver uma pneumonia por aspiração de alimentos (ou da própria saliva).
É importante ressaltar que, apesar do Parkinson ainda não ter cura, é uma doença na qual os sintomas e a progressão do quadro podem ser amenizados e controlados através do tratamento adequado. Com a ajuda de medicamentos, da fisioterapia e da fonoaudiologia, de uma boa alimentação e do acesso ao acompanhamento psicológico, a pessoa pode ter uma vida com mais qualidade e independência.
Por ser uma doença neurodegenerativa e progressiva crônica, o Parkinson acompanha a pessoa pelo resto da vida. Não existe uma média exata de tempo para ela se desenvolver e atingir o último estágio, mas, atualmente, com o avanço da ciência e dos tratamentos, um parkinsoniano pode conviver com a condição por 15 anos ou mais.
Apesar de a doença de Parkinson não ter cura, o tratamento é essencial e tem como objetivo controlar os sintomas, isto é, diminuir o prejuízo funcional provocado pela neurodegeneração. Assim, o portador tem maiores chances de viver uma vida mais independente e com qualidade por mais tempo.
A melhor forma de tratamento da doença é feita com a combinação dos medicamentos com a reabilitação. No caso do tratamento medicamentoso, os remédios prescritos pelo médico atuam diretamente no cérebro para retardar os sintomas do Parkinson.
Porém, nem todos os sintomas respondem bem aos medicamentos: a rigidez muscular, a lentidão dos movimentos e o tremor são os que melhor reagem a essa abordagem.
Por isso, é importante seguir um tratamento multidisciplinar, o que inclui fisioterapia, exercícios de fonoaudiologia e acompanhamento nutricional e psicológico. Todas essas opções ajudarão, juntamente com os remédios, a reduzir o avanço dos sintomas.
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