Relações de confiança podem atenuar estresse pós-traumático

Relações de amor e confiança são tão importantes para a nossa saúde mental, que chegam a atenuar uma tendência genética a ter sintomas mais graves de

Da Redação Publicado em 02/10/2020, às 19h25 - Atualizado em 05/10/2020, às 16h15

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Relações de amor e confiança são tão importantes para a nossa saúde mental, que chegam a atenuar uma tendência genética a ter sintomas mais graves de transtorno de estresse pós-traumático. Pelo menos é o que dizem pesquisadores da Universidade de Yale, nos EUA.

O estudo foi feito com veteranos de guerra, uma população especialmente suscetível ao transtorno, que é debilitante. A pessoa tem “flashbacks” constantes e incontroláveis do trauma vivido, pesadelos, insônia e depressão. Muitos desses indivíduos recorrem a álcool e drogas para tentar vencer o sofrimento, e acabam dependentes das substâncias.

Trauma e fatores genéticos

Os pesquisadores já tinham identificado, em trabalhos anteriores, uma série de fatores de risco genético para desenvolver a condição. Isso ajuda a explicar, por exemplo, por que diferentes pessoas reagem de maneira diferente ao mesmo tipo de experiência traumatizante.

Existem fatores genéticos conhecidos, também, para outros transtornos mentais, como depressão, ansiedade e esquizofrenia.

“Somos mais que nossos genes”

Mas será que a natureza, ou seja, a genética de uma pessoa pode determinar seu destino? Nada disso. Fatores ambientais também contam, e muito! Como o professor de psiquiatria Robert Pietrzak, autor sênior do estudo, enfatiza: somos muito mais do que nossos genes.

Teoria do apego

Ao avaliar os veteranos, Pietrzak e sua equipe se concentraram em uma medida de apego – a capacidade, ou incapacidade, de formar laços significativos com outras pessoas. Algumas pessoas têm um estilo de “apego inseguro”, e sentem aversão ou ansiedade em relação a ter intimidade com alguém. Como consequência, acabam pedindo menos ajuda.

Já quem tem “apego seguro” não encara relacionamentos como ameaça, tende a se sentir dignos de amor e confiança e não têm dificuldades para pedir ajuda.

Os pesquisadores descobriram que a capacidade de estabelecer laços de confiança neutralizou os efeitos da carga genética sobre os sintomas provocados pelo trauma.

Novas conexões

O impacto foi particularmente pronunciado em uma variante do gene IGSF11, que tem sido associada à capacidade do cérebro de formar novas conexões entre as células.

A equipe observou que deficits nessa capacidade (que recebe o nome complicado de “plasticidade sináptica”) também foram associados a transtornos como o do estresse pós-traumático, depressão e ansiedade, entre outros.

Experiências nos primeiros anos de vida são determinantes para moldar o apego, segundo especialistas. Assim, a descoberta reforça a importância de se investir em fatores ambientais e sociais que ajudem na prevenção de transtornos mentais. No debate “natureza x criação”, tudo indica que o segundo conta mais do que a gente imagina.

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