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Uso de melatonina para dormir explodiu nas últimas duas décadas

Estudo indica que as pessoas têm consumido doses cada vez mais altas de melatonina - iStock
Estudo indica que as pessoas têm consumido doses cada vez mais altas de melatonina - iStock

Redação Publicado em 02/02/2022, às 12h29

A venda de suplementos de melatonina foi aprovada apenas no fim do ano passado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), mas o produto já é utilizado há décadas nos EUA. E, segundo uma pesquisa norte-americana publicada nesta terça-feira (1°), o uso da substância explodiu nos últimos 20 anos, o que é observado com preocupação por especialistas. 

No artigo no periódico Jama, da Associação Médica Americana, pesquisadores contam que o uso de melatonina aumentou de 0,4%, em 1999/2000, para 2,1% em 2017/2018 nos EUA, o que corresponde a mais de 6 milhões de pessoas. O aumento mais significativo foi na última década e envolveu todos os grupos demográficos.

Dose de melatonina vem aumentando

O estudo indica que a prevalência do consumo em doses mais altas (acima de 5 mg/dia) também aumentou com o tempo. E os autores comentam que isso é arriscado, já que “o conteúdo real dos suplementos de melatonina pode ser até 478% maior do que o conteúdo rotulado”. No Brasil, a Anvisa aprovou o uso do hormônio em formulações de suplementos alimentares com dosagem máxima diária de 0,21 mg. 

“Dada a crescente popularidade no uso da melatonina exógena, nossas observações apoiam a necessidade de uma melhor conscientização sobre a segurança e os efeitos dos suplementos de melatonina no público, bem como entre os profissionais médicos”, disse a pesquisadora da Clínica Mayo Naima Covassin, uma das autoras da pesquisa, ao site MedPage Today.

Embora a melatonina seja eficaz para regular nosso relógio biológico e evitar o jet lag, a terapia tem sido utilizada em larga escala para combater a insônia. Mas ela avisa que não há muitas evidências sobre sua eficácia clínica como promotora do sono – a prova disso é a extensa variedade de formulações, doses e indicações de uso.

Como a melatonina é vendida como suplemento dietético, não está sujeita aos mesmos regulamentos e padrões aplicados aos medicamentos, portanto não há como fiscalizar adequadamente a pureza dos produtos.

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Há risco de efeitos colaterais

A pesquisadora observa que, apesar de ser uma substância considerada segura e bem tolerada, existem efeitos colaterais possíveis, especialmente quando se usa altas doses em pacientes com problemas pré-existentes. Dor de cabeça, pesadelos, sonolência durante o dia e alterações na glicose podem ocorrer. Além disso, os dados de segurança a longo prazo são escassos, e há gente que utiliza o suplemento toda noite por muitos anos.

O estudo contou com dados de mais de 55 mil adultos, com média de idade de 47,5 anos. E mais da metade dos participantes (52%) eram mulheres. A tendência de aumento de uso foi similar para homens e mulheres e em todas as faixas etárias. Vale destacar que os dados são anteriores à pandemia de Covid, que pode ter feito mais gente se voltar para o produto, uma vez que fatores de risco para o sono se agravaram no período, com ansiedade mais alta e uso mais intenso de eletrônicos.

Se você pretende utilizar a melatonina para dormir melhor, é fundamental contar com a orientação de um profissional de saúde, se possível especializado em sono. Além disso, é preciso mudar hábitos que prejudicam o sono, como limitar a cafeína após o início da tarde, limitar o álcool e desligar as telas pelo menos 30 minutos antes de dormir.

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