As fibras alimentares podem ser classificadas em dois grupos: as solúveis e as insolúveis
Redação Publicado em 02/05/2022, às 13h00
A fibra é uma parte essencial de nossas dietas. Alimentos ricos nesse componente indigerível dos vegetais são chamados de "alimentos volumosos". Eles ajudam a reduzir o risco de problemas de saúde, como doenças cardíacas e diabetes tipo 2. Porém, existem dois tipos de fibra: a solúvel e a insolúvel.
A fibra insolúvel fornece volume ao conteúdo digerido e ajuda a mover os resíduos pelo corpo, mantendo o intestino saudável e ajudando a prevenir a constipação. Já a fibra solúvel forma uma substância semelhante a um gel que é decomposta pelas bactérias intestinais. Ela pode reduzir os níveis de colesterol e ajudar a regular os níveis de açúcar no sangue.
Mas as fibras alimentares podem ter efeitos diferentes nas pessoas. Um estudo recente publicado no periódico Cell Host & Microbe descobriu que os benefícios para a saúde variam entre os indivíduos e podem depender do tipo de fibra, da dose consumida e do microbioma de cada pessoa.
Pesquisadores da Stanford School of Medicine testaram como duas fibras solúveis purificadas – arabinoxilano (AX) e inulina de cadeia longa (LCI) — afetaram um grupo de 18 participantes. AX é encontrado em grãos integrais, como centeio, trigo, aveia e arroz; LCI é encontrado em cebolas, raiz de chicória, alho e alcachofras-de-jerusalém. Ambos os tipos de fibra também podem ser tomados como suplementos alimentares.
Os participantes do estudo tinham uma média de idade de 56,9 anos. Dos oito homens e 10 mulheres, 14 tinham sobrepeso ou obesidade e 11 eram sensíveis à insulina. Os pesquisadores os separaram aleatoriamente em dois grupos em três ensaios cruzados. Um grupo começou com AX, o outro com LCI, e que depois foram mudados. Ambos os grupos terminaram com uma mistura de fibras composta por AX, LCI, goma de acácia, glucomananos e amido resistente.
Cada ensaio durou três semanas. Na primeira, os participantes consumiram 10 gramas de fibra por dia, subindo para 20 gramas na segunda semana, e 30 gramas na terceira. Os participantes tiveram, então, um intervalo de 6-8 semanas entre os 3 ensaios. Para estudiosos, este é um estudo muito pequeno, com 18 participantes, cuja alimentação não foi controlada, então, entre o que foi consumido e o tamanho da amostra, é extremamente difícil tirar conclusões significativas. Como quase todas as boas pesquisas sobre o microbioma, essa levanta muitas questões.
Os pesquisadores coletaram amostras de plasma, soro e fezes de todos os participantes no início do estudo e depois no final de cada semana. Eles também mediram a frequência cardíaca e a pressão arterial. Eles aferiram mudanças nos lipídios, incluindo colesterol, o material genético nas amostras de fezes (para identificar bactérias intestinais), proteínas plasmáticas, metabólitos e citocinas (marcadores inflamatórios que indicam inflamação no corpo).
Ao tomar AX, a maioria dos participantes teve uma queda significativa na lipoproteína de baixa densidade (LDL), ou colesterol “ruim”, e um aumento nos ácidos biliares. Os autores sugerem que o aumento dos ácidos biliares pode contribuir para a redução do LDL. No entanto, alguns participantes não viram nenhuma mudança nos níveis de LDL.
No grupo que consumiu LCI, a maioria das pessoas, mas não todas, teve uma pequena diminuição nos marcadores inflamatórios e um aumento das bifidobactérias, micro-organismo intestinal geralmente considerado benéfico para a saúde intestinal. No entanto, a maior dose de LCI (30 gramas por dia) reverteu esse efeito. Nesta dose, os participantes viram aumento da inflamação e elevação da alanina aminotransferase, uma enzima associada a danos no fígado. A suplementação de fibra mista produziu menos mudanças significativas.
Os autores observam que as respostas aos diferentes tipos de fibra não foram consistentes para todas as pessoas, sugerindo que o microbioma de cada um pode determinar essas reações. Segundo eles, os resultados demonstram que os efeitos fisiológicos, microbianos e moleculares das fibras diferem substancialmente entre os indivíduos.
Descobrir como diferentes fibras interagem com o microbioma é um passo essencial para tornar a nutrição personalizada uma realidade. Esta pesquisa também está lançando as bases para o uso de alimentos como medicamento de uma maneira verdadeiramente prescritiva. Este estudo confirma mais uma vez que o microbioma possui um enorme potencial para entender a saúde humana.
A ingestão de fibra atual recomendada é de 14 gramas para cada 1.000 calorias consumidas, de acordo com a Academia Americana de Nutrição. Especialistas dizem que é melhor obter sua fibra de fontes alimentares antes de usar suplementos.
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